11/10/2009

Pessoas Tons Pastéis

Sem sal, em cima do muro, que não se destaca. Na vida a passeio, passageiro, bilhete só de ida - e vencido. Me identifico com elas, me considero da tribo - ainda que não exista organização própria. E se existisse, elas estariam em dúvida sobre participar disso também.
A pessoa em tom pastel passa a vida sem dar o sangue por nada. E, se der, vai ser um sangue assim fraquinho, em tom pastel. Quando não se encontra pelo quê lutar, as pessoas procuram algo contra o que lutar. Mas sou tão pastel que luto contra ter que lutar sobre qualquer coisa. Qualquer coisa.
E ando por aí achando que vou encontrar em alguma esquina alguma porcaria que dê mais cor à minha vida.
Essa porcaria é momentânea - um desenho, um presente, esse texto. Você até acha algo, mas logo o tédio vem. E a culpa também, já que só me concentro em coisas insignificantes enquanto o resto do mundo aparentemente faz alguma coisa. Talvez seja só inadequação, mas a frase que mais me vem na cabeça é a que "eu não sei viver" - já dizia o poeta que é preciso saber. Sou tão pastel que preciso de um manual.
Às vezes a porcaria é uma pessoa. E quando ela chega você acha que pode fazer um desenho, um presente, um texto. Tudo colorido. Só que quando ela vai embora tudo volta ao tom pastel. Você só fica com a lembrança das cores. E pensando se já tirou as cores fortes da vida de alguém, deixou pastel.
Ou é a pessoa qe não vale a pena ou sou eu que crio expectativas demais. De alguma forma, sempre acho um jeito de me convencer da segunda opção.

Texto escrito em parceria por Leticia e Gisele durante uma aula pastel.

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