13/10/2009

E não morre.

Quando você é criança a principal atividade é querer brinquedos. Vários deles, de todas as cores e tamanhos. E às vezes seus pais não dão.
Então você pensa que vai morrer sem esses brinquedos.
E não morre.
Depois você cresce, e agora você quer pessoas. Várias delas, de todas as cores e tamanhos. E às vezes as pessoas não se dão.
Então você pensa que vai morrer sem elas.
E não morre.
Mais tarde ainda, talvez tarde demais, descobre que morrer não seria o problema, que na verdade você sofre por viver desejando coisas e pessoas.
Por saber que nada disso é seu.
Então se você não quisesse nada, se não desejasse ninguém,
a vida seria muito mais fácil.

1 comentários:

andre disse...

Nos parques de infância a coisa é parecida. Não sei se recorda-se, mas ao "brincar" em um determinado brinquedo o desejo era passar para o próximo. Ao chegar no próximo, o desejo era no outro. E no outro. Até passar por todos do parque. É a delirante mente inconstante dos menores, e que sustenta-se por um bom tempo, perdendo-se no rabugentismo lá pelas idades das dores colunares.

Como sempre, exelente texto.