27/10/2009

pegando coisas no ar

Leticia diz:
- Então, você acha que eu devo contar a história, adiantar o problema?

Mariana diz:
- Acho que não, cara. Não pegue a polêmica pra você.

Leticia pensa:
(que bonito isso - acho lema de vida)

Mais uma campanha: não pegue a polêmica pra você.
Não se dê importância demais. Nunca. Ninguém se importa.

26/10/2009

Tipos de pessoas no mundo

Escolha sua categoria, sugira mais categorias.

1) Tipo de pessoa que ateia fogo em índios enquanto estes dormem
2) Tipo de pessoa que entra na sala de cinema e atira em todos
3) Tipo de pessoa que namoraria a Mallu Magalhães
4) Tipo de pessoa que anda de mãos dadas com a mãe, depois de crescido
5) Tipo de pessoa que morre de velha
6) Tipo de pessoa que tatua "Carpe diem" no pé
7) Tipo de pessoa que pede "Toca Raul"
8) Tipo de pessoa que não dá o lugar para grávidas e idosos no ônibus

19/10/2009

Umba umba umba ê

Ontem, 18 de outubro, foi o Dia Nacional Contra a Baixaria na TV.
Gostaria de mandar um abraço a todas as moças que já mergulharam na banheira do Gugu.
Obrigada.

(Porque eu sou do tempo em que o "É o tchan" se chamava "Gerassamba".
Sou do tempo da Débora Brasil).

17/10/2009

Pavor de gente que tira satisfação

Você sabe quem são elas. Você tem um conhecido, uma tia, um primo. Aqueles que 'nunca levam desaforo pra casa'. A pessoa chega pra você e precisa de uma explicação/justificativa das SUAS ações. Ela quer saber porque você fez aquilo, qual o motivo/razão/circunstância. Ela tenta convencer você (e talvez ela mesma) de que é tudo preocupação contigo - "só quero te entender/conhecer melhor".
Esqueça. Isso é cilada. Não existe ação mais egoísta do que querer saber da vida do outro quando ele não quer te contar. Ou querer 'colocar os pingos nos is' quando a outra pessoa não está nem aí. Ignore. Finja não perceber que ela quer saber da sua vida. Aja sem preocupação - choque, caso necessário, ou apenas por diversão.

Se, um dia, você simplesmente se cansar, não pense em tirar satisfação com a pessoa que tira satisfação. Isso só vai deixá-la feliz, ou pior: curiosa pra saber o que ela fez para que você viesse tirar satisfação. É um ciclo, um teste pra ver se você faz parte do clube.
Você deve agir sutilmente. De vez enquando um 'por que você se importa?'. Ou um 'cuida da sua vida'. Vista essa camisa. No meu caso, literalmente.

ps: o bom (ou mau) uso do literalmente será tema do meu próximo post.

16/10/2009

Aplicando o "Não que alguém se importe" nos meios de comunicação - Parte 2

Mais um capítulo da série "Coisas que ninguém precisava saber", com notícias do site da Folha de São Paulo, no dia 16 de outubro.

"Madonna paga mesada a Jesus Luz"

"Gambá desastrado prende cabeça em pote e é resgatado"

"Obama dança com Thalia em festa na Casa Branca"


Semana que vem, mais notícias. Aguarde.

As velhinhas do ônibus

Eu não posso evitar. Acabo ouvindo a conversa dos outros no ônibus. As que mais ouço são das senhoras entre seus 50 e 70 anos, voltando do supermercado com os ingredientes da mais nova receita da Ana Maria Braga.
As conversas das Anas e Marias são, geralmente, não que alguém se importe, sobre doenças. Mais do que novelas. Mais do que maridos. Não que estes não representem, de alguma forma, doenças.
Há uma espécie de disputa para decidir quem está mais doente. Dia desses ouvi:

- Me-ni-na, não paro de tossir!
e aí a outra respondeu:
- Meu marido também tá mal. E olha que eu, sem útero, sem um dos rins, e com a coluna estourada, ainda estou melhor do que ele.

Competição. Talvez seja só uma forma de se sentir vivo. Dizer que dói, para se sentir mais vivo. Talvez o problema apareça realmente quando parar de doer, quando parar de sentir. Quando não tiver mais nada para reclamar.
Talvez isso seja não só em relação às doenças, mas aos maridos e novelas também.

15/10/2009

Como comandar o mundo

- Constranger os outros
- Fazer com que o outro se sinta culpado
- Delegar ações aos outros enquanto você não faz nada
- Usar quem te considera para fazer favores
- Enfiar-se em 500 confusões.

O cristo enforcado

Praça Barão do Rio Branco, outubro de 2009.

"Cristo! Preciso de uma pauta!"

Cristo enforcado responde:

"Se dez pautas eu tivesse, dez pautas eu daria".

13/10/2009

E não morre.

Quando você é criança a principal atividade é querer brinquedos. Vários deles, de todas as cores e tamanhos. E às vezes seus pais não dão.
Então você pensa que vai morrer sem esses brinquedos.
E não morre.
Depois você cresce, e agora você quer pessoas. Várias delas, de todas as cores e tamanhos. E às vezes as pessoas não se dão.
Então você pensa que vai morrer sem elas.
E não morre.
Mais tarde ainda, talvez tarde demais, descobre que morrer não seria o problema, que na verdade você sofre por viver desejando coisas e pessoas.
Por saber que nada disso é seu.
Então se você não quisesse nada, se não desejasse ninguém,
a vida seria muito mais fácil.

Se Shakespeare tivesse um blog...

Trecho de um texto de William Shakespeare:

"Não importa o quanto você se importe. Algumas pessoas simplesmente não se importam".

Quer dizer, nem Shakespeare se importava.
Seja bem-vindo, Will.

11/10/2009

Pessoas Tons Pastéis

Sem sal, em cima do muro, que não se destaca. Na vida a passeio, passageiro, bilhete só de ida - e vencido. Me identifico com elas, me considero da tribo - ainda que não exista organização própria. E se existisse, elas estariam em dúvida sobre participar disso também.
A pessoa em tom pastel passa a vida sem dar o sangue por nada. E, se der, vai ser um sangue assim fraquinho, em tom pastel. Quando não se encontra pelo quê lutar, as pessoas procuram algo contra o que lutar. Mas sou tão pastel que luto contra ter que lutar sobre qualquer coisa. Qualquer coisa.
E ando por aí achando que vou encontrar em alguma esquina alguma porcaria que dê mais cor à minha vida.
Essa porcaria é momentânea - um desenho, um presente, esse texto. Você até acha algo, mas logo o tédio vem. E a culpa também, já que só me concentro em coisas insignificantes enquanto o resto do mundo aparentemente faz alguma coisa. Talvez seja só inadequação, mas a frase que mais me vem na cabeça é a que "eu não sei viver" - já dizia o poeta que é preciso saber. Sou tão pastel que preciso de um manual.
Às vezes a porcaria é uma pessoa. E quando ela chega você acha que pode fazer um desenho, um presente, um texto. Tudo colorido. Só que quando ela vai embora tudo volta ao tom pastel. Você só fica com a lembrança das cores. E pensando se já tirou as cores fortes da vida de alguém, deixou pastel.
Ou é a pessoa qe não vale a pena ou sou eu que crio expectativas demais. De alguma forma, sempre acho um jeito de me convencer da segunda opção.

Texto escrito em parceria por Leticia e Gisele durante uma aula pastel.

Instante

Existem coisas que por estarem sempre presentes na nossa rotina, da mesma forma todos os dias, dão uma sensação de apropriação.
A carteira que sento todos os dias, a cor do prédio que passo em frente. Não é o objeto em si, mas o sentimento que ele me passa.
É como uma segurança, um alívio de que se aquilo conquistou um espaço próprio, então eu também posso. Talvez é o que eu sinta em relação às canções que eu ouço também.
Poucas músicas me dão uma alegria como In The Aeroplane Over The Sea, do Neutral Milk Hotel. Gostaria de colocá-la em um CD "Top 20 músicas mais fodas nesse momento que me fazem refletir sobre todos os instantes memoráveis da minha vida e em como gosto de títulos grandes".
Os momentos mais legais que vivi foram rápidos. Andando na rua e prestando atenção na letra de alguma música boa, como a que citei. Nos gestos mais sutis, quando você sabe que qualquer movimento brusco é um risco e pode estragar aquele momento. E nos olhares mais sinceros, que aparecem logo após os gestos, apenas pra confirmar que você não viveu aquilo sozinho.

ins.tan.te, adjetivo
1. que está para acontecer, para vir; iminente
2. pertinaz, insistente
3. urgente, inadiável, indispensável
4. que se insta, que se solicita com tenacidade

ins.tan.te, substantivo
1. momento, um ponto determinado no tempo
2. ocasião, hora, tempo indeterminado no qual algo ocorre

08/10/2009

Manual da Vida

- Se inspire em alguém, ciente de que jamais será aquela pessoa.
- Saiba que o que você fizer nunca será suficientemente bom.
- Sempre vai ter uma coisa que você ama fazer - isso não quer dizer que você não tem prova de Teorias do Jornalismo amanhã.
- Só porque está ruim, não quer dizer que não pode piorar. Aproveite os dias ruins, pois dizem que é o equilíbrio para os dias bons. Especialistas afirmam.
- Seja uma pessoa idiota, mas esconda sutilmente - a probabilidade de encontrar alguém legal é infinitamente maior do que se você mostrar quem realmente é.
- Invente. O que importa é ter um assunto/pauta/ideia de matéria. Jogue no ar.
- Apure no calor da brasa - ou seja, geralmente 1 dia antes do prazo de entrega. A pressão é sua amiga.
- A pressão pode até ser, mas sua fonte nunca é.
- Depois disso, chegue em casa, ligue a TV e se sinta culpada por estar descansando.

Bem vindo a vida do jornalista.

06/10/2009

Simples assim.

Por mais que você queira. Por mais que você precise. Por mais que você ache que vai dar certo. Especulação/abstração sobre o que eu acho da vida/o que acontece comigo não é pauta. Definitivamente. Simples assim.

Aplicando o "Não que alguém se importe" nos meios de comunicação

Se tem uma coisa que me diverte é apresentador de televisão/jornalista tentando dar importância e emoção para um fato que não tem.

Programa TV Fama, 5 de outubro:
Radical! Cantor Daniel salta de asa delta no Rio

Folha Online, 6 de outubro:
Xuxa suspira com "boa noite" de Bonner para Fátima


Falando sério. Quem se importa?

Maneiras de dar emoção pra vida

Porque só existem duas maneiras de dar um pouco de emoção pra vida:

1) Se constrangendo
2) Constrangendo os outros

O que estiver fora disso é tédio.

05/10/2009

Máximas da vida 2

Pauta repetida é pauta dada
Pauta não-factual é pauta ETERNA

Já dizia Chico Xavier

Máximas da vida

Pauta rejeitada é pauta dada.
Pauta dada é matéria feita.
... já dizia minha vó.

04/10/2009

a ação como fim

Sentei no banco. Se fosse no canto, estaria convidando quem passava para que se juntasse a mim. Como sou reservada, preferi ocupar o meio. E ainda assim, meus pertences espalhados cobririam o espaço restante.
Outras pessoas apenas queriam que o tempo passasse, que não fosse a hora preguiçosa entre o almoço e o começo da tarde.
Eu, entretanto, preferiria que tudo parasse. Todos na mesma posição. Silêncio e sem pensamentos. Vazio reflexivo e absolutmente pacífico. Pois é na ação que as coisas acabam.